A FAMÍLIA E A ESCOLA DOMINICAL

"REPUBLICAÇÃO DO ARTIGO, QUE POR ACIDENTE, FOI RETIRADO DESTE BLOG"

“Ajunta o povo, e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam, e temam ao SENHOR, vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Lei” Dt 31.12.

     Antes de comentar acerca do tema desta aula, nos é de grande proveito sabermos um pouco sobre a maneira como surgiu a Escola Dominical. A missionária Ruth Dóris Lemos nos conta como tudo se iniciou:
     Sentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780 o dedicado jornalista Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele fixar a sua atenção sobre o que estava escrevendo, pois os gritos e palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo da sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos. Quando as brigas tornaram-se acaloradas e as ameaças agressivas, Raikes julgou ser necessário ir à janela e protestar do comportamento das crianças. Todos se acalmaram por poucos minutos, mas logo voltaram às suas brigas e gritos.
     Robert Raikes contemplou o quadro em sua frente; enquanto escrevia mais um editorial pedindo reforma no sistema carcerário. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os encarcerados, reabilitando-os através de estudo, cursos, aulas e algo útil enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Levantando seus olhos por um momento, começou a pensar sobre o destino das crianças de rua; pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele dos seus pais. Se continuassem dessa maneira, muitos certamente entrariam no caminho do vício, da violência e do crime.
     A cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um polo industrial com grandes fábricas de têxteis. Raikes sabia que as crianças trabalhavam nas fábricas ao lado dos seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. Enquanto os pais descansavam no domingo, do trabalho árduo da semana, as crianças ficavam abandonadas nas ruas buscando seus próprios interesses. Tomavam conta das ruas e praças, brincando, brigando, perturbando o silêncio do sagrado domingo com seu barulho. Naquele tempo não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, privilégio das classes mais abastadas que podiam pagar os custos altos. Assim, as crianças pobres ficaram sem estudar; trabalhando todos os dias nas fábricas, menos aos domingos.
     Raikes sentiu-se atribulado no seu espírito ao ver tantas crianças desafortunadas crescendo desta maneira; sem dúvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer?
     Sentado a sua mesa, e meditando sobre esta situação, um plano nasceu na sua mente. Ele resolveu fazer algo para as crianças pobres, que pudesse mudar seu viver, e garantir-lhes um futuro melhor! Pondo ao lado seu editorial sobre reformas nas prisões, ele começou a escrever sobre as crianças pobres que trabalhavam nas fábricas, sem oportunidade para estudar e se preparar para uma vida melhor. Quanto mais ele escrevia, mais sentia-se empolgado com seu plano de ajudar as crianças. Ele resolveu neste primeiro editorial somente chamar atenção à condição deplorável dos pequeninos, e no próximo ele apresentaria uma solução que estava tomando forma na sua mente.
     Quando leram seu editorial, houve alguns que sentiram pena das crianças, outros que acharam que o jornal deveria se preocupar com assuntos mais importantes do que crianças, sobretudo, filhos dos operários pobres! Mas Robert Raikes tinha um sonho e este estava enchendo seu coração e seus pensamentos cada vez mais! No editorial seguinte, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática, e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo, através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudar-lhes neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois um sacerdote anglicano indicou professoras da sua paróquia para o trabalho.
     O entusiasmo das crianças era comovente e contagiante. Algumas não aceitaram trocar a sua liberdade de domingo, por ficar sentadas na sala de aula, mas eventualmente todos estavam aprendendo a ler, escrever e fazer as somas de aritmética. As histórias e lições bíblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currículo. Em pouco tempo, as crianças aprenderam não somente da Bíblia, mas lições de moral, ética, e educação religiosa. Era uma verdadeira educação cristã.
     Robert Raikes, este grande homem de visão humanitária, não somente fazia campanhas através de seu jornal para angariar doações de material escolar, mas também agasalhos, roupas, sapatos para as crianças pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoço aos domingos. Ele foi visto freqüentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianças de rua que morreria de frio se ninguém cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, até encontrar um lar para elas.
     As crianças se reuniam nas praças, ruas e em casas particulares. Robert Raikes pagava um pequeno salário às professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu próprio bolso. Havia, também, algumas pessoas da cidade, que contribuíam para este nobre esforço.
     No começo Raikes encontrou resistência ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava - os líderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado e profanando as suas igrejas com as crianças ainda não comportadas. Havia nestas alturas algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bíblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianças e jovens da cidade. Grandes homens da igreja, tais como João Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bíblia.
     As classes bíblicas começaram a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o país. Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, já havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados.
     A primeira Associação da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a União das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse começado em 1780, a organização da Escola Dominical em caráter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 é celebrada a data de fundação da Escola Dominical. Entre as igrejas protestantes, a Metodista se destaca como a pioneira da obra de educação religiosa. Em grande parte, esta visão se deve ao seu dinâmico fundador João Wesley, que viu o potencial espiritual da Escola Dominical e logo a incorporou ao grande movimento sob sua liderança.
     A Escola Bíblica Dominical surgiu no Brasil em 1855, em Petrópolis (RJ). O jovem casal de missionários escoceses, Robert e Sarah Kalley, chegaram ao Brasil naquele ano e logo instalou uma escola para ensinar a Bíblia para as crianças e jovens daquela região. A primeira aula foi realizada no domingo, 19 de agosto de 1855. Somente cinco participaram, mas Sarah, contente com “pequenos começos”, contou a história de Jonas, mais com gestos, do que palavras, porque estava só começando a aprender o português. Ela viu tantas crianças pelas ruas que seu coração almejava ganhá-las para Jesus. A semente do Evangelho foi plantada em solo fértil.
     Com o passar do tempo, aumentou tanto o número de pessoas estudando a Bíblia, que o missionário Kalley iniciou aulas para jovens e adultos. Vendo o crescimento, os Kalleys resolveram mudar para o Rio de Janeiro, para dar uma continuidade melhor ao trabalho e aumentar o alcance do mesmo. Este humilde começo de aulas bíblicas dominicais deu início à Igreja Evangélica Congregacional no Brasil.
     No mundo há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres e analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo.
     A escola dominical é uma escola surpreendente! Pena que muita gente não lhe dê o devido valor. Nas nossas igrejas é assustador o número de membros que não a frequentam. Se formos fazer um levantamento de percentuais do número de pessoas que frequentam os cultos aos domingos à noite, e que também frequentam a escola dominical pela manhã, é algo lamentável. Cerca de 10% a no máximo 20% dos frequentadores dos cultos de domingo à noite, também participam da escola dominical pela manhã. E isto é muito triste, pelo fato de sabermos que muitas das pessoas preferem ir à praia ao domingo que ir à escola dominical. Raikes observou que os garotos da sua época ficavam na rua bagunçando exatamente por não terem outra opção, entretanto, hoje, é comum ver pessoas buscando outras opções para a manhã do domingo exatamente para não irem à escola dominical. Estão tomando para si o dia do Senhor!
     Desde os remotos tempos bíblicos que o sistema de ensino da Palavra de Deus tem produzido bons frutos. Desde o Antigo Testamento com os patriarcas ensinando aos seus filhos, passando pelo período Mosaico, pela época dos juízes, profetas, sacerdotes e reis de Israel. Mesmo durante o cativeiro, e até aos dias de Jesus e da igreja primitiva, chegando até nós no presente século. Grandes mestres surgiram em todo este período como Moisés, Davi, Neemias, Esdras, Eliseu, Daniel, Paulo, João, Robert Raikes, João Wesley, dentre tantos outros grandes nomes. Entretanto, há um nome que se destaca dentre todos estes acima, o nome que é sobre todo o nome: Jesus cristo. Ele foi e sempre será o Mestre Supremo.
     “A Escola Dominical ministra o ensino da Palavra de Deus de forma acessível a Todos os alunos contemplando as respectivas faixas etária – do berçário aos adultos”. Elinaldo Renovato.
     O ensino sistemático da Bíblia na escola dominical é extensível a toda a família, sem distinção de idade. Toda a família é beneficiada e edificada através do ensino bíblico, e não há dúvidas que a escola dominical é com certeza, o melhor ambiente para tal. Pois, é na escola dominical que recebemos o verdadeiro e genuíno alimento espiritual da Palavra de Deus, para que possamos crescer e desenvolver-se espiritualmente. É na escola dominical que o caráter cristão é formado em cada um de nós.
     A escola dominical, além de auxiliar no ensino das Escrituras, de forma mais interativa, o que não acontece, por exemplo, em um culto de ensino e doutrina, é uma ferramenta de evangelismo muito eficaz. A ordem divina é clara: “Fazei discípulos...”. Para fazer discípulos é necessário evangelizar. E a escola dominical é a maneira melhor de apresentarmos o evangelho na sua essência a todas as pessoas. Logo após o objetivo da evangelização alcançado, se dá inicio ao discipulado. Aquelas pessoas que aceitam a cristo como Salvador, elas necessitam de um amparo na fé, um acompanhamento, uma instrução para seguir na caminhada. Não podemos ganhar almas pra cristo, e simplesmente deixá-las entregues à própria sorte. Por não terem um acompanhamento de discipulado é que muitos não conseguem se firmar na fé, e acabam por se desgarrar do redil do Senhor, indo para o mundo outra vez. O discipulado não envolve somente os novos conversos à fé, e sim, a todas as faixas, independentemente do tempo de conversão. O que diz a Palavra? “Conheçamos, e prossigamos em conhecer o Senhor...”. Desde o berçário até aos anciões, todos devem ser discipulados (Ensinados).
     É na escola dominical que as nossas crianças são instruídas em conformidade com a Palavra de Deus, e é este ensino que levarão para o resto de suas vidas. A personalidade cristã de nossas crianças é formada, primeiro, nos nossos lares, e segundo, na escola dominical. E é necessário que incentivemos os nossos filhos a frequentarem a escola dominical, pois, como dizem os estudiosos, a personalidade humana é definida em uma criança até os seus sete anos de idade. Daí a necessidade de ensiná-las conforme as Escrituras Sagradas.
     Seguindo o ciclo da vida, os adolescentes e jovens são prevenidos contra os manjares mundanos e pecaminosos, através do ensino que recebem na escola dominical. “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” Sl 119.9. Os adultos frutificam na vida espiritual e também secular quando põem em prática os ensinos recebidos na escola bíblica. Como podemos ver nenhuma instituição de ensino, tem um efeito tão benéfico e tão abrangente para toda a família quanto a Escola Dominical.
     Talvez você seja um destes crentes que, aos domingos, só vem à igreja à noite. Quem sabe, usa o horário da manhã para dormir mais um pouco, cuidar da casa, fazer compras, ou ir ao shopping ou à praia, etc., mas tenha certeza que está perdendo uma grande oportunidade de crescer espiritualmente.
     Na escola dominical você recebe o genuíno e sadio alimento espiritual da Palavra de Deus; você cresce e se desenvolve através do estudo da Palavra; adquire uma fé mais alicerçada e madura, e, assim estará pronto para desempenhar a obra do Senhor; é na escola dominical que você desenvolve a sua espiritualidade e caráter cristão; é na escola dominical que você se reúne com sua família para aprender a crescer na disciplina do Senhor e sua vida espiritual é avivada através da palavra de Deus.
     Valorize a escola dominical, participe, sua vida e conduta passarão a ser pautada nos princípios da Palavra de Deus.
                                                                                                                   M.D.

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Autor MOISÉS DUARTE

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